Saint-Gobain Canalização vai elevar produção em Minas Gerais

Saint-Gobain Canalização vai elevar produção em Minas Gerais

A Saint-Gobain Canalização fabrica ferro fundido para obras de infraestrutura | Foto: Julio Bittencourt


Por Mara Bianchetti
– A Saint-Gobain Canalização, com planta industrial em Itaúna, no Centro-Oeste do Estado, prevê dobrar de faturamento nos próximos cinco anos. O crescimento deverá ocorrer mesmo diante de uma elevada base de comparação, uma vez que a empresa nos últimos seis anos praticamente triplicou de tamanho. O otimismo vem das oportunidades que a companhia vislumbra a partir das perspectivas de ampliação de mercado e surgimento de negócios com o novo marco legal do saneamento no País.

Em vistas de preparar a fábrica para aumento de capacidade, o braço do grupo francês Saint-Gobain vai investir uma média de R$ 50 milhões por ano, além dos aportes de recursos financeiros em segurança, meio ambiente e qualidade. A empresa é a maior fornecedora de materiais para saneamento do Brasil e líder no fornecimento de soluções em ferro fundido na América Latina utilizado em grandes obras de infraestrutura.

A unidade tem capacidade de aumentar a produção em 50% ou até mesmo dobrar, mas, para isso, necessita ter uma melhor visibilidade do aumento do volume de investimentos em saneamento. Quem explica é o CEO, Gustavo Siqueira. “Nossa capacidade de produção atual é de 12 mil toneladas por ano. Com investimentos pontuais conseguimos incrementar de maneira a acompanhar o mercado. Mas ainda não temos plena segurança do que vai acontecer. Quando confirmar, é só executar”, explica.

Os estudos para uma futura expansão já estão prontos, inclusive, porque a empresa já opera praticamente no limite da capacidade instalada da unidade. Do que é fabricado no local, 60% são destinados às exportações e 40% ficam no mercado interno. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) está entre os grandes clientes da Saint-Gobain Canalização no País.

Siqueira: falta de margem nos impede de vender mais e crescer | Crédito: Divulgação/Saint-Gobain

Operações voltadas para saneamento 

Além da fábrica em Itaúna, a companhia tem outra linha de produção em Barra Mansa (RJ), dois escritórios, quatro unidades de negócio e dois centros de distribuição. Há ainda representantes em todos os estados e uma lista extensa de distribuidores e revendedores que atendem os mercados de saneamento, indústria, mineração, irrigação e construção civil.

Em uma operação florestal na região de Bom Jardim de Minas (Sul do Estado) produz carvão vegetal para abastecer o alto-forno com um combustível 100% renovável. Hoje, o segmento de bioenergia atende cerca de 35% a 40% da demanda própria institucional do insumo, a empresa adquire a outra parte no mercado via empresas certificadas. 

As florestas da Saint-Gobain Bioenergia ocupam uma área total de quase 21 mil hectares, dos quais aproximadamente 11 mil hectares plantados de eucalipto, preservando cerca de 40% da área de floresta nativa da região.

Planos para os próximos anos

O plano de negócios da companhia considera os investimentos públicos e privados previstos para o setor de saneamento no Brasil, que podem atingir R$ 70 bilhões por ano. O executivo pondera, porém, que não considera o número factível. Isso em função do timing para esses que investimentos ocorram já que o histórico recente mostra diversas idas e vindas no que tange a esses investimentos. Os investimentos em saneamento foram reduzidos em mais de 12,4% na comparação 2020 versus 2019, segundo dados do Sistema Nacional de Informações do Saneamento (Snis).

“Não acredito que universalize em 10 anos. O saneamento é o ‘patinho feio’ da infraestrutura. O Brasil tem índices de energia compatíveis com países europeus e de telefonia até melhores. Mas em termos de saneamento, somos comparados a países da África. Ainda hoje, somamos 35 milhões de pessoas sem água e outras 6 milhões sem esgoto. Mas existe uma perspectiva de que isso mude no médio e longo prazos. Triplicar ou quadruplicar não sei, em 2023 e 2024 deveremos, no mínimo, dobrar”, completa.

Capacidade de produção da Saint-Gobain Canalização, localizada na cidade de Itaúna (MG), é de 12 mil toneladas por ano | Foto: Julio Bittencourt

Custos de produção são os maiores desafios

Na avaliação de Siqueira, o maior desafio das operações hoje está nos custos. A empresa não enfrenta problema de escassez de insumos, uma vez que produz parte do carvão vegetal que alimenta seu alto-forno, mas o boom das commodities – especialmente do minério de ferro – tem achatado as margens. O frete é outra preocupação. A mão de obra também. Conforme ele, um contêiner que saía a US$ 1,8 mil no período pré-pandemia, hoje está até seis vezes mais caro, por exemplo.

“O grande gargalo da Saint-Gobain Canalização em 2021 e 2022 não está em volume ou efetivo, mas na margem. E a falta de margem nos impede de vender mais e crescer. Com isso, tivemos pedidos adiados e até cancelamentos. Casos que apuramos na Colômbia, México, Uruguai, Equador e também internamente no Brasil”, revela.

Mas as expectativas são favoráveis. De acordo com o CEO, as previsões dão conta de faturar no segundo semestre 65% do total anual contra os 35% apurados na primeira metade do exercício. “Tivemos uma média de 7 mil toneladas de janeiro a junho e a expectativa é chegarmos a 10 mil ou 11 mil nos próximos meses”, diz.

Publicado por Diário do Comércio

Redação

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