Me despeço

Me despeço

Durante longas semanas o barulho da derrubada das árvores ao longo do Rio São João incomodou muito os ouvidos e, principalmente, o coração da população que reside perto do rio. A paisagem ficou desoladora. Parecia que cada árvore que caía sangrava um pouco o rio.
Repararam que este governo municipal é expert em fazer besteiras no meio ambiente? Mas esta, podem explicar como quiserem, foi grande demais para a natureza. Mesmo que plantem o dobro de árvores derrubadas, quanto tempo vai demorar para que elas voltem a ser exuberantes, a dar sombra, a ter ninhos de pássaros?
Na sexta-feira, dia 23, a prefeitura colocou nas suas redes sociais uma foto lembrando o início da primavera. Uma árvore, coitada, sozinha, com algumas flores, na porta da prefeitura. Repararam que não arborizaram o local, não fizeram jardins bonitos, nada, só grama?
Aliás, no dia 21 de setembro, lembraram de comemorar um monte de coisas naquela data, nas suas redes sociais, menos o dia da árvore. Ainda é bem, porque seria muita ironia.
Para expressar o sentimento de todos nós com a derrubada insana de árvores de muitos lugares da cidade copiamos um texto das redes sociais que é como um lamento pela nossa tão devastada e ignorada natureza. O autor é Carlen Campos.
“Me despeço das árvores que viviam em frente onde trabalho.
Me despeço dos pássaros que viviam pulando de galho em galho.
Me despeço das sombras frescas que amenizavam o dia ensolarado.
Me despeço de tudo isso onde vivíamos lado a lado.
As árvores tombavam impotentes ao chão.
Lágrimas tentavam sobressaltar dos meus olhos de tanta paixão.
Quantos ninhos de pássaros jazem em vão.
Por onde andam as capivaras, os cágados do São João?
Se tudo isso necessário for. Contenho em minh’alma minha imensa dor.
Se é para o rio ter mais vazão e sem futuras inundações a área urbana transpor. Peço que ao menos replantem árvores de pequeno porte, por favor.
Bom, sou um mero cidadão. Que sobre isso ouço muita indignação. Não sei dizer se será bom ou ruim, se será válido ou não. Tomara que sirva ao menos para evitar outra inundação.
Pois foi muita gente que quase perdeu o chão.
E ele continuará no mesmo lugar, o rio São João.”

Zenaide Gomes

Zenaide Gomes

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