Mais de 200 empresários de Minas criticam Fiemg e condenam golpismo de Bolsonaro

Mais de 200 empresários de Minas criticam Fiemg e condenam golpismo de Bolsonaro

Bandeira de Minas Gerais (Foto: reprodução)

Em manifesto lançado nesta quinta-feira (2), empresariado mineiro desautoriza adesismo da Fiemg e repudia articulação antidemocrática do Planalto

Mais de 200 empresários mineiros, precisamente 212 lideranças empresariais das alterosas, lançaram nesta quinta-feira (2) um manifesto em defesa da democracia e em oposição ao apoio dado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) às atitudes golpistas de Bolsonaro.

O documento dos empresários mineiros condena com veemência a falta de harmonia dos três poderes em Brasília e os ataques à democracia e rejeita a ruptura pelas armas. A Fiemg havia concentrado suas críticas ao Supremo Tribunal Federal que é alvo também dos ataques golpistas de Bolsonaro.

O apoio da Fiemg a Bolsonaro foi repudiado por sindicatos que integram a Câmara da Indústria de Comunicação e Audiovisual da entidade. O documento é assinado pelo Sindicato da Indústria do Audiovisual de Minas Gerais (Sindav-MG), pelo Brasil Audiovisual Independente (Bravi-MG), pelo Fórum dos Festivais, pela Agência de Desenvolvimento do Polo Audiovisual da Zona da Mata e por mais duzentas entidades.

“As entidades signatárias desta declaração não foram consultadas e sequer comunicadas a respeito do conteúdo do texto. Não concordamos com as ideias expressas no manifesto”, ressalta a nota de repúdio. Ex-presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior, vê que o momento é de entendimento, sem desmerecer a atuação do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.

“Não devemos fazer crítica a nenhum dos poderes. A intenção não é essa. A intenção de Minas, como no primeiro manifesto, é sempre mostrar a importância da harmonia dos poderes, para que todos tenham seus méritos e defeitos. Pode ser que um tenha um defeito mais explícito, mas não vai ser apontando erros que vamos chegar a algum lugar”, diz o empresário que assina o Segundo Manifesto dos Mineiros.

“Todo dia, o Executivo faz discurso em que fala e termina sobre democracia, mas o conteúdo é antidemocrático. Portanto, há risco para a democracia. No Legislativo, quem manda é o Centrão e não a vontade do eleitor que o elegeu ou da sociedade. No Judiciário, a Suprema Corte paga um preço caro pelas decisões recentes. Temos uma Polícia Federal, Ministério Público e auditores competentes, mas em vez de financiar campanhas públicas por meio dos veículos privados e fiscalizados, preferiu tomar R$ 3 bilhões ou R$ 4 bilhões de um dinheiro de orçamento público federal, enquanto não há dinheiro para vacina, saúde, educação e segurança”, ressalta o empresário José Anchieta da Silva, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (AC Minas), idealizador do manifesto.

Ele diz que o momento atual tem semelhanças com o primeiro manifesto pela entrada do país na guerra, lançado na década de 1940: “No primeiro, o Brasil vivia o período da Segunda Guerra Mundial. E hoje vivemos uma nova guerra, a pandemia da COVID-19 com três poderes desarmonizados. O Brasil está derretendo e não dá para esperar”. As diversas lideranças que assinaram o documento concordam que o país precisa de estabilidade para caminhar com as próprias pernas.

Para Nadim Donato, presidente do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas), a união é fundamental para sair do momento de turbulência: “Não adianta confrontar, e sim precisamos da união das entidades e dos poderes, já que o momento é muito ruim. Não saímos da pandemia. As empresas não conseguiram voltar à normalidade de suas vendas e não conseguiram recompor seus quadros funcionais. Se tivermos um país instável, como vamos recompor funcionários e voltar a vender?”.

O empresário considerou ainda que “o STF erra, mas acerta também. Não pode acabar com uma instituição. A Fiemg tomou uma postura em que ela acredita, que não pode existir essa situação dentro do Supremo, mas, em contrapartida, apesar dos erros, o poder está constituído”. Por sua vez, o médico José Salvador, presidente da rede Mater Dei, defende a democracia como elemento fundamental da sociedade: “O ideal é um regime democrático com liberdade e que permite o desenvolvimento do país como um todo. Quando rompe o sistema democrático, todos perdem. Perdem a sociedade, o estado e o município. Para que haja desenvolvimento, é preciso que haja leis e confiança mútua”.

Fonte: https://horadopovo.com.br/

Redação

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