Afastada a ameaça de greve no Plantão 24 horas, salários foram pagos hoje

Afastada a ameaça de greve no Plantão 24 horas, salários foram pagos hoje

O secretário de Saúde Fernando Meira, o provedor do Hospital Augusto Machado, o presidente da Câmara Alexandre Campos, o diretor administrativo, Belmiro Filho e o delegado seccional de Itaúna no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, o cardiologista Alessandro Travizani

Município fará subvenção de R$ 450 mil por três meses prorrogáveis por mais três, se necessário.

Atenderam ao convite da Câmara para a última reunião, na terça-feira, 5, o secretário de Saúde, Fernando Meira, o provedor do hospital Manoel Gonçalves, Augusto Machado e o diretor administrativo, Belmiro Filho. Ainda presente o delegado seccional de Itaúna no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, o cardiologista Alessandro Travizani. Os convidados foram levar informações sobre a situação do Hospital Manoel Gonçalves levada à Câmara por Alessandro Travizani na semana passada.
Antes, o vereador presidente Alexandre Campos adiantou que em conversa com prefeito Adelson, de Itatiaiuçu, uma das cidades da região atendidas pelo Hospital Manoel Gonçalves, este se mostrou preocupado e disse que estava em conversa com outros prefeitos para ajudar a encontrar solução para recuperar a saúde financeira do Hospital.
O primeiro a falar foi Alessandro Travizani que informou que na quarta-feira, 6, os médicos plantonistas que reclamavam o atraso no pagamento de salários e que ameaçavam greve para o dia 24, estariam em reunião para, em ata, reafirmarem sua reinvindicação. O cardiologista lembrou que caso a greve acontecesse seria um caos na saúde itaunense porque o plantão passaria a atender apenas os casos graves. Os demais pacientes deveriam procurar postos de saúde de seus bairros, que não atendem a demanda.
O médico Augusto Machado, recentemente eleito provedor do Hospital Manoel Gonçalves, disse que durante 36 anos, dos 45 anos que trabalha no hospital, deu plantão dia sim, dia não e sem receber salários porque na época o plantão era voluntário; o hospital não tinha como pagar. Disse ainda que em 45 anos nunca viu a situação financeira do hospital ser saneada ou folgada. Nestes anos foram feitas rifas para arrecadar recursos, doações através da conta de SAAE, mas nada deu certo. O provedor disse que o hospital só não viveu crises financeiras no princípio, quando tinha 51% das ações da Santanense, imóveis, investimentos em bancos, mas com o passar dos anos tudo isto foi consumido com as necessidades do próprio hospital. Em 1988 foi criado o SUS – Sistema Único de Saúde, e sempre subfinanciado, com valores defasados, causando desequilíbrio nas finanças. Augusto disse que o hospital trabalha com um teto financeiro mensal estabelecido pelo SUS há 14 anos, e sem nunca ter sido reajustado, que é de R$284 mil. Ele lembrou que só os reajustes de salários em todos estes anos mostram a discrepância deste valor e por isto vem provocando acúmulo de dívidas que hoje chega junto aos bancos a R$ 12,2 milhões. Em 2021 foram feitos dois empréstimos para honrar salários do meio do ano e depois o 13º salário, porque a renda do hospital é insuficiente. Outro déficit apontado pelo provedor foi causado pela suspensão das cirurgias eletivas, que geram recursos para o hospital tanto do SUS, como particulares e de convênios.
Segundo ele, durante a pandemia foram criados mais leitos de CTI para atendimento aos pacientes de Covid e que recebiam aporte do Ministério da Saúde. Passado o agravo da pandemia estes recursos só são reapassados quando há internação no centro intensivo, mas a equipe continua a postos, continua gerando despesas, sem agora o aporte federal. O hospital tem hoje mais dez leitos não Covid pelos quais o hospital recebe R$ 600, por leito por dia, mas o custo é de R$ 1.650, por dia.
O provedor disse que a Secretaria de Saúde conseguiu junto ao Estado desbloquear recursos que estavam em caixa, mas que não podiam ser usados para custeio. Então, com o desbloqueio os salários seriam pagos na quarta-feira, 6. Ele disse que o hospital precisa de ajuda e que tem mensalmente um déficit de R$ 450 mil. Contou que foi até os prefeitos de Itaúna e Itatiaiuçu em busca desta ajuda. A Prefeitura de Itaúna vai enviar projeto à Câmara para um subsídio durante três meses, prorrogáveis por mais três, no valor do déficit mensal. O provedor terminou sua fala dizendo que em breve deve ir a Brasília onde terá reunião no Ministério da Saúde.
O secretário de Saúde, Fernando Meira, também fez esclarecimentos sobre a situação. Lembrou que desde 2017 a Prefeitura de Itaúna é o parceiro principal do hospital que é hoje o segundo maior da macrorregião em número de leitos depois o Hospital São João de Deus e desde 2017 está aumentando sua complexidade. Se por um lado isto é bom, por outro traz mais gastos e citou os leitos de CTI que foram abertos durante a pandemia em número de dez, que geram novas despesas que impactam nas contas. Quem financia o CTI é o governo federal, mas é necessário que todo mundo entenda isso.
Meira disse que será encaminhado para o Legislativo projeto de lei para uma subvenção para que o hospital tenha fôlego. O secretário disse que o hospital tem várias ações em andamento para o aumento de receita e diminuição de custos, mas que não são a curto prazo e hoje o hospital luta para respirar e não consegue dar a devida atenção a estas ações. O aporte do município criado neste projeto de lei será temporário, mas dará um fôlego ao hospital. Nestes meses outras ações se farão como emendas parlamentares federais e estaduais permitindo que o hospital mantenha seu serviço sem este caos instalado nestas últimas semanas.
Meira disse que o momento é de união de esforços. “A gente precisa do poder público lado a lado com o Hospital e hora nenhuma o município vai deixar o hospital na mão”. Fernando disse que os deputados federais e estaduais que têm ligação com a cidade tenham compromisso com o hospital, além da sociedade civil que com ações práticas, também pode ajudar a aumentar a receita da instituição.
O secretário Fernando Meira disse que seria interessante que o hospital fosse um hospital escola, que seria uma fonte de aprendizado para os alunos e receita para o hospital. O secretário disse ainda que não será uma ação isolada que mudará o hospital, são várias ações. “O hospital está em vias de caminhar com suas próprias pernas. Esta casa (Legislativo) fez no ano passado a concessão de um terreno para o hospital fazer a implantação de uma usina solar que trará uma economia de R$ 100 mil mensais para o hospital. O hospital não está parado e as ações estão sendo colocadas”, finalizou.
O presidente da Câmara, Alexandre Campos, lembrou que com o duodécimo conseguiu repassar ao hospital R$ 800 mil e que pretende fazer uma contribuição mensal ao hospital. O valor desta contribuição da Casa de Leis está sendo levantado para que possa ser incluído no projeto do Executivo que deve chegar à Câmara nos próximos dias.

Redação

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